domingo, 26 de julho de 2009

Sustentabilidade: um olhar para fora...

Por Dal Marcondes, da Envolverde

Muita gente ainda não compreende o que é sustentabilidade e porque deveria mudar seu modo de vida. A sociedade certamente não vai empreender as transformações necessárias se não estiver convencida da urgência das mudanças.

Dias atrás estava conversando com um bom amigo, que não trabalha nem com comunicação e nem com meio ambiente e sustentabilidade, sobre carros, trânsito e modelo de desenvolvimento. Ele vive em Santos, uma cidade que eu adoro por ser, ainda, uma boa referência em estrutura urbana. Depois de 15 minutos de conversa percebi que estamos em lados completamente opostos em relação ao que seja uma vida confortável e sustentável. Comentei que se Santos continuasse a receber automóveis no ritmo atual, em muito pouco tempo estaria completamente engarrafada, com os mesmo problemas de mobilidade que São Paulo já enfrenta.

Santos é uma cidade plana, pequena sob o ponto de vista territorial, concentrada em temos de ocupação. Ou seja, ideal para trajetos a pé, de ônibus e de bicicleta, sem falar de um tal VCL (Veículo Leve Sobre Trilhos) dos qual se fala desde que o Mário Covas era governador (ele também um santista). Minha surpresa veio quando meu amigo simplesmente respondeu que esse era um preço a ser pago pelo conforto. De pronto perguntei, “mas que conforto?”

Em minha visão de jornalista especializado em temas ligados à sustentabilidade, conforto é uma cidade onde a mobilidade é garantida através de meios que não imponham mais poluição e nem ocupação desordenada das ruas. Transporte público, espaços abertos, bicicletas e uns poucos carros que são usados apenas por necessidade absoluta. Argumentei que andar de táxi, por exemplo, pode ser muito mais barato do que andar de carro. Não se corre o risco de levar multas, não é preciso pagar estacionamento e nem sequer é preciso se preocupar com tomar um chopp a mais.

Por mais que eu tentasse explicar as vantagens individuais e coletivas em ter uma cidade com menos carros e mais espaço para as pessoas, meu amigo não conseguia entender. Para ele eu devo ter parecido uma espécie qualquer de idiota que não entende o quanto um carro oferece de conforto. Claro que compreendo isso, eu mesmo tenho um carro. No entanto, a questão é como usamos o carro e para que. Por exemplo, se locomover para um escritório, pagar um estacionamento e retornar no final do dia é uma atividade que pode muito bem ser feita de outra forma, principalmente em Santos.

Outra coisa que constatei, pela enésima vez, é o quanto as questões relacionadas ao meio ambiente, à sustentabilidade, aquecimento global etc estão longe das pessoas que não estão diretamente envolvidas com este tema. Certamente a culpa não é destas pessoas, mas sim das outras, aquelas que compreendem a importância de ser sustentável, mas que não estão conseguindo mostrar o quanto isso é importante para todo mundo.

Não se trata apenas de economizar água, energia, separar lixo para a reciclagem ou outras tantas atividades que são preconizadas nas cartilhas de educação ambiental. É preciso estimular o pensamento sustentável, que favorece um olhar mais sistêmico sobre a realidade. Mas como fazer isso?

Nos últimos anos temos trabalhado na Envolverde para informar e formar uma parte da sociedade sobre a transversalidade necessária na abordagem dos temas socioambientais e econômicos. Não estamos mais na fase dos diagnósticos. A maior parte dos problemas socioambientais graves que devem ser enfrentados com urgência pela sociedade já estão devidamente identificados, catalogados, estudados e diagnosticados, com suas causas e conseqüências exaustivamente conhecidas.

A questão agora é saber como convencer as pessoas a mudar. As milhões ou bilhões de pessoas mais afetadas pelos problemas sociais e ambientais não têm a capacidade de reação necessária para alterar a realidade de seu entorno. E as milhões ou bilhões de pessoas que precisariam mudar o modo de vida, ou simplesmente não sabem disso, ou não acham necessário, ou estão se lixando para os problemas.

A questão que se coloca é como conseguir que a sociedade entenda o sentido de urgência dos problemas ambientais, em especial do aquecimento global, do desmatamento e da degradação de ecossistemas, como fazer a atual geração de seres humanos no planeta compreender que deve existir uma “solidariedade intergeracional”, ou seja, que precisamos preservar recursos para as pessoas que ainda não nasceram (como prevê o triple bottom line).

Aqueles que compreendem esta urgência devem superar o sentimento de frustração que está se sobrepondo à necessidade de continuar falando, escrevendo, ensinando e pregando. Mas, principalmente, é preciso compreender que a grande maioria das pessoas ainda não está convencida, por muitos motivos, de que precisam mudar. (Envolverde)

* Dal Marcondes é diretor da Envolverde.

(Agência Envolverde)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A cidadã Yeda e a Governadora

Paulo Mendes Filho

Estamos observando que a cada dia os ânimos se acirram e o confronto se anima. O momento requer diálogo para não perder a razão, a quebra de braço pode quebrar as pernas. As denúncias de corrupção foram trazidas por ações da Polícia Federal e por membros do governo. São denúncias que comprometem vários políticos da sua base de sustentação. Ao serem jogadas na mídia sem apuração judicial, transformam-se em munição pesada das entidades sindicais para defenderem-se dos ataques do governo. Um governo muito duro, que não conversa com trabalhadores, centralizado e focado na radicalização. Bate por dentro e por fora, nos seus aliados e nos seus servidores. Levar uma réplica da escola de lata para frente da casa da governadora foi uma ação para mostrar as contradições do governo e pressionar a Assembleia Legislativa para apurar as denúncias de corrupção. Nada de mais. A casa da governadora não é uma casa qualquer, é o objeto que materializa as denúncias de corrupção. O mesmo vale para a simbologia das escolas de lata. Portanto, não houve excesso e sim uma oportunidade bem aproveitada pelos sindicatos para denunciar o governo.

O que saiu da normalidade foi o ataque de fúria da governadora. Expôs seu cargo, a família, netos e filha ao ridículo. Tudo indicava que o melhor seria ficar em casa bem tranquila, chamar a polícia, resolver a questão e depois pedir desculpa aos vizinhos em nota oficial. Mas não, com um casaco do MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) ela vai até as grades do portão, xinga, bate boca, levanta o tom, provoca os manifestantes, expõe os netos, colocando-os na condição de prisioneiros, chama os professores de torturadores, escreve um cartaz, se deixa fotografar em estado de ódio e age loucamente como se fosse uma Yeda qualquer e não a governadora do Rio Grande. O caminho da Paz passa pela apuração das denúncias. Se não confirmadas, a governadora se fortalece, se confirmadas ela deve sair. Enquanto durarem as suspeitas, o confronto não irá parar, com a apuração a vida volta ao normal. A sociedade tem que pressionar, o Rio Grande precisa ser grande novamente, precisamos de uma governante e não de uma cidadã qualquer no governo!

Diretor do Semapi/Sindicato

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os mapas da alma não têm fronteiras

Por Eduardo Galeano*

Texto lido pelo autor na cerimônia em que recebeu a condecoração da Ordem de Maio da República Argentina, na embaixada daquele país em Montevidéu, no dia 9 de julho.

Montevidéu, julho/2009 – Permitam-me agradecer esta oferenda que estou recebendo, que para mim é um símbolo da terceira margem do rio. Nessa terceira margem, nascida do encontro das outras duas, florescem e se multiplicam, juntas, nossas melhores energias, que nos salvam do rancor, da mesquinhez, da inveja e de outros venenos que abundam no mercado.

Aqui estamos, pois, na terceira margem do rio, argentinos e uruguaios, uruguaios e argentinos, rendendo homenagem à nossa vida compartilhada e, portanto, estamos celebrando o sentido comunitário da vida, que é a expressão mais profunda do senso comum.

Afinal, e perdão por ir tão longe, quando a história ainda não se chamava assim, lá no remoto tempo das cavernas, como faziam para sobreviver aqueles indefesos, inúteis, desamparados avós da humanidade? Talvez tenham sobrevivido, contra toda evidência, porque foram capazes de compartilhar a comida e souberam se defender juntos. E passaram-se os anos, milhares e milhares de anos, e está claro que o mundo raras vezes recorda essa lição de senso comum, a mais elementar de todas e a que mais falta nos faz.

Tive sorte de viver em Buenos Aires nos anos 70. Cheguei corrido pela ditadura militar uruguaia, e me fui corrido pela ditadura militar argentina.

Não me fui. Me foram. Mas nesses anos comprovei, uma vez mais, que aquela pré-histórica lição de senso comum não estava de todo esquecida. A energia solidária crescia e cresce ao vai e vem das ondas que nos levam e nos trazem, argentinos que vêm e vão, uruguaios que vamos e voltamos. E, no tempo das ditaduras, soubemos compartilhar a comida e soubemos nos defender juntos, e ninguém se sente herói nem mártir por dar abrigo aos perseguidos que cruzavam o rio, indo para lá ou vindo de lá. A solidariedade era, e continua sendo, um assunto de senso comum e, portanto, era, e continua sendo, a coisa mais natural do mundo. Talvez por isso, sua energia, a sempre viva, foi mais viva que nunca nos anos de terror, alimentada pelas proibições que queriam matá-la. Como o bom touro do duelo, a solidariedade cresce no castigo.

E quero dar um testemunho pessoal de meu exílio na Argentina.

Quero render homenagem a uma aventura chamada “Crisis”, uma revista cultural, que alguns escritores e artistas fundamos com o generoso apoio de Federico Vogelius, onde pude dar algo do muito que me ensinara Carlos Quijano em meus tempos do semanário “Marcha”.

A revista “Crisis” tinha um nome bem deprimente, mas era uma jubilosa celebração da cultura vivida como comunhão coletiva, uma festa do vínculo humano encarnado na palavra compartilhada. Queríamos compartilhar a palavra, como se fosse pão.

Os sobreviventes daquela experiência criadora, que morreu afogada pela ditadura militar, continuamos a acreditar no que então acreditávamos. Acreditávamos, acreditamos, que para não ser mudo é preciso começar por não ser mudo, e que o ponto de partida de uma cultura solidária está nas bocas dos que fazem cultura sem saber que a fazem, anônimos conquistadores dos sóis que as noites escondem, e eles, e elas, são também os que fazem história sem saber que a fazem. Porque a cultura, quando é verdadeira, cresce do pé, como alguma vez cantou Alfredo Zitarrosa, e a partir do pé cresce a história. Só o que se faz a partir de cima é o poço.

A ditadura militar acabou com a revista e exterminou muitas outras expressões de fecundidade social. Os fabricantes de poços castigaram o imperdoável pecado do vínculo, a solidariedade cometida em suas múltiplas formas possíveis, e a máquina do desvínculo continuou trabalhando a serviço de uma tradição colonial, imposta pelos impérios que nos dividiram para reinar e que nos obrigam a aceitar a solidão como destino.

À primeira vista, o mundo parece uma multidão de solidões amontoadas, todos contra todos, salve-se quem puder. Mas o senso comum, o senso comunitário, é um bichinho duro de matar. Ainda há quem espera a esperança, alentada pelas vozes que ressoam de nossa origem comum e de nossos assombrosos espaços de encontro.

Não conheço alegria maior do que a de nos reconhecermos nos demais. Talvez essa seja, para mim, a única imortalidade digna de fé. Reconhecer-me nos demais, reconhecer-me em minha pátria e em meu tempo, e também reconhecer-me em mulheres e homens que são meus compatriotas, nascidos em outras terras, e reconhecer-me em mulheres e homens que são meus contemporâneos, vividos em outros tempos.

Os mapas da alma não têm fronteiras. IPS/Envolverde

* Eduardo Galeano é escritor e jornalista uruguaio, autor de As Veias Abertas da América Latina, Memórias do Fogo e Espelhos: Uma História Quase Universal.

(Envolverde/IPS)

domingo, 12 de julho de 2009

A morte dos rios não traz desenvolvimento.



Artigo de Ruben Siqueira
EcoDebate, 11/07/2009

[EcoDebate] A civilização nasceu entre os rios Tigre, Eufrates e Nilo, o chamado “Crescente Fértil”. Mais tarde Roma desenvolveu-se à beira do Tibre e de seu império fez-se a “civilização ocidental cristã”. Esta, hoje, na sua mais grave crise, devia se ver refletida nos rios que poluiu…

No Brasil os rios foram os caminhos para a interiorização desta civilização trazida pelos portugueses. As “entradas e bandeiras” paulistas seguiram o rio Tietê. Pelo São Francisco entraram os senhores de terra, postando currais de gado e famílias de escravos – nascia a “civilização do couro” às margens do “rio dos currais”. Antes, os povos originários de Pindorama procuravam os cursos d’água e deles faziam os eixos de suas culturas. Acabaram ensinando o português a tomar banho…

Mas não apenas da civilização humana as águas são a fonte e o sustento, também da incomensurável biodiversidade. Todo mundo já aprendeu, ou deveria, que sem água não há vida.

Hoje, porém, no campo e nas cidades, os rios estão moribundos. De cada dez rios brasileiros sete estão poluídos. Todos os rios que cortam cidades, das megalópolis aos vilarejos, viraram esgotos, latrina, lixeira. Preservar as águas não é da lógica que rege o desenvolvimento. Hoje nos damos conta do grave problema que são a corrosão dos recursos naturais e o lixo excessivo que nosso estilo de vida produz. As águas são as primeiras a sinalizar o início do fim…

Da combinação de terra, água, luz solar e zelo feminino, nasceu a agricultura, há 12 mil anos. De lá para cá, a tecnologia evoluiu não só no controle dos fatores de produção agrícola, como até ao ponto de prescindir destes fatores. No vale do São Francisco, há fazendas em que o solo não é mais que sustentáculo da planta, toda a nutrição é artificial, feita por microgotejamento eletrônico. O “agricultor” está sentado ao computador numa sala climatizada, teclando as quantidades de fertilizantes que vão pela água bombeada do rio… Os gases liberados pelos fertilizantes químicos são dos piores de origem agropecuária, que respondem por 25% dos gases de efeito estufa que aquecem o planeta.

Calcula-se que nas fazendas de irrigação de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), no São Francisco, sejam despejadas três toneladas de agrotóxicos diariamente. O rio é o destino da maior parte deste veneno. O Brasil tornou-se em 2008 o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, perto de 400 mil toneladas, um negócio que mobilizou US$ 7 bilhões. Falta pouco para um quarto do que consome o mundo: 2 milhões de toneladas.

O modelo da moderna agricultura, também chamada “Revolução Verde”, se impôs para “desenvolver” as áreas rurais. A concentração da terra e da água, das sementes e dos investimentos públicos em grandes empresas agropecuárias aumentou a produção, mas de commodities (soja, carne, suco de laranja e, logo, etanol) para exportação e especulação no mercado de capitais. Cai o consumo de arroz e feijão, o que significa má alimentação e fome. As cidades violentas e inseguras, não param de inchar. O campo restou esvaziado para domínio do agronegócio globalizado, miséria camponesa e degradação ambiental.

Apesar dos sinais mais que evidentes de que por esse caminho não há futuro, vive-se hoje no Brasil franca expansão do agronegócio hidrointensivo, na onda dos agrocombustíveis, falsa solução para o aquecimento global. Intensifica-se a irrigação, que já consome 70% das águas disponíveis do planeta, inclusive no Brasil.

A transposição de águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional é exemplo cabal. A sede humana é só justificativa marqueteira. O verdadeiro interesse é expandir o modelo falido. A irrigação no Nordeste não funcionou como indutora do desenvolvimento, é duvidosa economicamente e um desastre social e ambiental.

Ao par da irrigação e dos esgotos, as barragens e hidrelétricas condenaram nossos rios. E não param de aumentar, sem que não se discutam os custos, nem para que e para quem tanta energia.

Se é verdade que “um rio é como um espelho que reflete os valores de uma sociedade”, a nossa não vale o que bebe e come…

Esgotado o “desenvolvimento”, precisamos recuperar o “envolvimento”. Aí, só a agroecologia pode nos salvar, salvando a terra, os rios, a agrobiodiversidade, os territórios, as tradições culturais, a soberania alimentar. Nisto os povos originários, sobreviventes à colonização, têm muito a nos ensinar.

A gestão territorial e participativa das águas através dos comitês de bacias poderá até contribuir para piorar o quadro, se for subserviente aos interesses expansionistas do capital. A luta maior é pela revitalização integral. Por isso bradamos “São Francisco vivo, terra e água, rio e povo”.

Ruben Siqueira, Sociólogo, agente da CPT na Bacia do Rio São Francisco, colaborador e articulista do EcoDebate.

sábado, 4 de julho de 2009

Sobre o tempo, ou a falta dele

Por Roberto Patrus-Pena*

Primeira parte

O anúncio chegou via e-mail:

"Compro tempo.

Sou um sujeito muito ocupado e tenho andado numa correria danada. Minha solução é comprar tempo. Homens do marketing: quero produtos e serviços que atendam a minha necessidade de ter mais tempo. E quero pagar por isso.

Quero tempo para cuidar do lar, tecer eu mesmo a seda do meu casulo. Deixá-lo gostoso e aconchegante, com a adega e a despensa preparadas para receber os amigos. Quero tempo para ir à praça com meu filho, andar de bicicleta por aí, passear com os passos lentos e largos, comendo pipoca, sem aquela pressa dos dias de rush. Quero tempo para rever meus amigos, telefonar nos dias de aniversário, visitá-los para bater papo, tomar café com bolo e colocar os papos em dia. Do tempo que eu conseguir comprar, vou usar um pouco para ficar à toa, olhando o tempo passar.

Quero tempo para ficar na cama depois de acordar, espreguiçar lentamente, alongar cada parte do meu corpo preparando-me para mais um dia na vida. Não quero mais o suplício de uma viagem noturna de ônibus para ganhar um dia de férias. Viajar de carro pode não ser perder um dia com a viagem. Quero justamente ter o tempo para gastar com a própria viagem. Em cada curva da estrada, explicar para meus filhos a geografia da região, as plantações, o relevo, a indústria... Preciso parar com esta mania de chegar sempre. O segredo está no caminho. Preciso aprender a “ser o último a sair do avião” como ensinou Gilberto Gil.

O que quero não é muito. Quero tempo para trabalhar melhor, devotar-me a quem amo e ter momentos de lazer e diversão. Eu sei que vocês, homens do Marketing, têm se esforçado em resolver o meu problema. Eu uso celular, o meu banco é eletrônico, tenho controle remoto de TV, vídeo, som, portão eletrônico, fax, scanner, e tudo o mais quanto a tecnologia possa me oferecer. Mas não adianta. Preciso de mais tempo".

Segunda parte

A resposta ao email foi a seguinte:

"Meu amigo, você sofre de estresse, a doença do tempo. Não procure a solução fora de você, porque o tempo é uma categoria interna. Kant o disse na Filosofia, Einstein o constatou na física. Sêneca escreveu que "não é dos lugares o mal de que sofremos, mas de nós".

Seu problema está na sua filosofia de vida. Tempo é questão de preferência. A vida exige a eleição de prioridades, e a falta de tempo demonstra a sua dificuldade de escolher. Escolher é renunciar, por isso, o exercício da liberdade não se faz sem alguma angústia. Repito: tempo é questão de prioridade.

Entendi o seu problema, mas não procure os homens do Marketing. A solução está dentro de você. Não procure ganhar tempo. Desfrute-o. Não tente comprar tempo. Doe-o a seus projetos prioritários, a si mesmo, e àqueles com quem você vive e trabalha. Do contrário, você não terá tempo nunca. Nem saúde”.

* Roberto Patrus-Pena é filósofo, psicólogo, professor, psicoterapeuta, mestre em Administração, Doutor em Filosofia. Tem 42 anos, é professor da PUC Minas há 20 anos e espera, daqui a dois anos, ter dedicado a metade da sua vida a essa instituição. Mora em Belo Horizonte (MG), almoça todos os dias com a família e sabe o valor do seu tempo. Email: robertopatrus@pucminas.br

(Envolverde/Revista Plurale)