domingo, 31 de janeiro de 2010

Sementes, patrimônio do povo a serviço da humanidade


A produção das Sementes Agroecológicas de Hortaliças BioNatur começou a ser desenvolvida em 1997, por assentados da reforma agrária e agricultores familiares, mais especificamente nos municípios de Hulha Negra e Candiota, localizados na região sul do Rio Grande do Sul. Coordenada pela COOPERAL (Cooperativa Regional dos Agricultores Assentados Ltda) a qual buscou construir alternativas ao processo de integração industrial promovido pelas empresas de sementes localizadas nesta região e ao modelo tecnológico baseado em pacotes agroquímicos.

A estratégia foi, além de criar autonomia na produção e comercialização de sementes, buscou o resgate das sementes como patrimônio da humanidade,valorizando a cultura dos agricultores e a sua sabedoria. Este projeto aos poucos foi ganhando a simpatia e a confiança dos agricultores.

Hoje a BioNatur, se constitui em uma importante rede nacional de produção e comercialização de sementes agroecológicas, graças ao desafio do qual centenas de famílias de agricultores assentados se desafiaram a protagonizar.
Matéria retirada do site http://loja.daterraecos.com.br

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Santa Maria - 1º Fórum Social e 1ª Feira Mundial de Economia Solidária


Iara Borges Aragonez
Coletivo Desenvolvimento Sustentável SEMAPI
Cooperativa de Comércio Justo e
Consumo Consciente GiraSol


Aconteceu em Santa Maria/RS, nos dias 22, 23 e 24 de janeiro o 1º Fórum Social e a 1ª Feira Mundial de Economia Solidária.

A Irmã Lourdes, do Projeto Esperança/Cooesperança, mobilizadora e articuladora da economia solidária em Santa Maria e todos(as) que deram vida a iniciativa, já podem comemorar o êxito dessa atividade que joga para o mundo não apenas a idéia, mas práticas que nos permitem afirmar que OUTRA ECONOMIA E OUTRO MUNDO SÃO POSSÍVEIS.

Entretanto, somando-me as várias posições que pautaram os debates, reafirmo que o novo apenas será possível se a luta for persistente e orientada pelo conhecimento e pela troca dos saberes acumulados no processo de reprodução social e econômica daqueles que trabalham e produzem para sua subsistência.

Nessa perspectiva, é necessário fazer uma releitura da história e desvendar com os diferentes grupos sociais as diversas formas de dominação sofrida pelos povos e os processos de “desenvolvimento” estabelecidos de fora para dentro que primaram pela exclusão social e pela devastação ambiental. Constituir mídias alternativas que dêem vez e voz aos que pensam diferente do pensamento hegemônico, criar espaços de formação que permitam fluir a versão dos fatos não comprometida com as elites, articular em rede os diferentes atores sociais para pensar e adotar novas práticas políticas, ambientais, culturais, sociais, econômicas, baseadas em outra ética, são alguns dos caminhos identificados como possíveis de percorrer.

Quero destacar alguns seminários e oficinas dos quais tive a oportunidade de participar: Comércio Justo e Solidário nos Mercados Nacionais; A Crise Mundial de Alimentos: balanço, experiências e agendas na perspectiva da construção da soberania alimentar dos povos e nações; Oficina Internacional de Troca de Saberes e Sementes; e, Biodiversidade e Transgênicos, Coexistência Impossível.

Em relação ao Comércio Justo, foi debatida a importância da constituição de um Sistema Nacional que atue na perspectiva do fortalecimento dos empreendimentos econômicos solidários no território nacional e na afirmação dos princípios que o caracterizam, como a promoção de condições dignas de trabalho e de remuneração; a prática autogestionária; a prática do preço justo para quem produz e consome; a sustentabilidade sócio-ambiental das redes de produção e comercialização; o respeito e a preservação do meio-ambiente; e a valorização, nas relações comerciais, da diversidade étnica e cultural e do conhecimento das comunidades tradicionais.

A Oficina Internacional de Troca de Saberes e Sementes, foi organizada pelo Grupo de Agroecologia Terra Sul da Universidade Federal de Santa Maria e pela Cáritas. A dinâmica utilizada propiciou que produtores (as) apresentassem o seu trabalho relacionado ao resgate e preservação de sementes crioulas e também a projeção de algumas ações conjuntas, como a constituição de uma Rede com o objetivo de fortalecer as iniciativas existentes e criar novas estratégias para avançar no desenvolvimento de bancos de sementes e preservar a nossa agrobiodiversidade. Foram facilitadores da Oficina, Altair Pozzebon pela Cáritas e Izabel Cristina Lourenço da Silva do Grupo de Agroecologia Terra Sul. Um dos encaminhamentos da Oficina foi a elaboração de uma CARTA EM DEFESA DA AGROBIODIVERSIDADE.

O Seminário Soberania Alimentar dos Povos e Nações, coordenado pela presidente do CONSEA/RS, Regina Miranda, destacou a importância da agrobiodiversidade para a soberania de uma nação. Julian Perez, representante da Articulação Nacional de Agroecologia – ANA e do Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar – FBSA, discorreu sobre a concentração corporativa na produção, processamento, distribuição dos alimentos e de sementes, assim como os efeitos dessa concentração nas economias locais, nas culturas alimentares, na saúde humana e no ambiente natural. Destacou a homogeneização do padrão alimentar e a necessidade de um redesenho agroalimentar. Segundo Juan, é falsa a idéia de que temos liberdade de escolha dos nossos alimentos, pois o padrão é definido fora de nós e restrito à meia dúzia de produtos, sendo que consumimos a partir de uma forte indução por parte da mídia, a serviço das corporações.

A representante da Via Campesina, Ana, destacou que segurança alimentar sem soberania alimentar é desprovido de significado político e social. Esclarece a visão da Via de que os povos precisam ter as condições para produzir os seus alimentos e alimentar plenamente a sua população, de forma autônoma e respeitando as culturas locais. Enfatizou a importância e o valor do trabalho das mulheres que garantem a produção diversa de alimentos, possibilitando que a agricultura familiar responda por 70%, dado do IBGE, da produção dos alimentos no Brasil. Fala ainda das duas grandes campanhas mundiais da Via Campesina: Campanha Mundial das Sementes e Campanha Mundial pela Reforma Agrária. Participaram ainda da mesa o representante do Governo Federal, Silvino Heck e do Fórum Brasileiro de Economia Solidária.

Por fim, o Seminário Biodiversidade e Transgênicos, Coexistência Impossível teve a coordenação de Izabel Cristina Lourenço da Silva do Grupo de Agroecologia Terra Sul e a participação como palestrante de Antônio Inácio Andrioli, Doutor em Ciências Econômicas e Sociais. A temática de sua tese é Tecnologia e agricultura familiar com estudo de caso sobre a soja transgênica e orgânica no Brasil. Foi debatedor desta mesa o Deputado Estadual Elvino Bohn Gass, coordenador da Frente Parlamentar de Apoio à Economia Solidária e da Frente Parlamentar em Defesa da Extensão Rural.

Alguns destaques da fala do Dr.Andrioli: a imunodeficiência gerada pelo consumo de sementes transgênicas; a monopolização pelas corporações da cadeia produtiva de alimentos; a apropriação privada da natureza/refeudalização da agricultura; a transgenia como geradora de novos problemas técnicos, justificando a adoção de novas ou falsas soluções, fomentando assim a indústria química. Como exemplo, a pressão objetiva dos fatos: a necessidade de substituir o Glifosato aplicado na soja, frente à geração de superervas resistentes ao herbicida; a falta de provas consistentes quanto à maior produtividade das sementes transgênicas, uma vez que as metodologias utilizadas para comparar são viciadas; efeitos como a redução de fixação de nitrogênio no solo e dos índices de proteína dos alimentos; a contradição da construção do Banco de Sementes na Noruega e a destruição da agrobiodiversidade como política corrente das corporações; a “ciência” a serviço das corporações, legitimando as suas decisões e suas “certezas”, dentre elas a de que os transgênicos não causam mal a saúde, uma vez que há ausência de evidências. Segundo o Dr. Andriolo “ausência de evidências não é igual a evidência de ausência”.

Como enfatizei inicialmente, a densidade da organização social e a consistência da luta para a construção de um outro mundo e de outra economia exigem compreender os processos pelos quais o modelo hegemônico se organiza. Os painéis e oficinas realizadas no 1º Fórum Social e na 1ª Feira Mundial de Economia Solidária, cumpriram esse papel. Foram mobilizadores para as transformações necessárias.

Mas, Avançar é Preciso!

Assumo total responsabilidade por eventuais imprecisões técnicas no relato acima. Outros (as) companheiros (as) que participaram dos painéis podem contribuir qualificando as informações. Para que possam ir direto a fonte informo aqui o site do Dr. Andrioli: http://www.andrioli.com.br/

Abaixo, a CARTA EM DEFESA DA AGROBIODIVERSIDADE.

CARTA EM DEFESA DA AGROBIODIVERSIDADE

Nós, participantes dos movimentos sociais, indígenas, quilombolas, agricultores(as),
empreendimentos solidários, gestores públicos, estudantes, sociedade civil e demais
segmentos, reunidos no 1º Fórum e Feira Mundial de Economia Solidária, em Santa
Maria-RS-Brasil, nos dias 22 a 24 de janeiro de 2010 reafirmamos:
- a luta em defesa da vida e da preservação dos recursos naturais, como patrimônio
coletivo de toda a humanidade;
- o resgate, uso e cultivo das sementes crioulas como única forma de garantir a
autonomia e soberania dos povos.
- o direito à soberania alimentar, energética e ambiental de todos os povos;
- a retomada da agroecologia como paradigma para nossas vidas, alicerçada na ética e
nos resgates culturais;
- a necessidade da pesquisa e ciência serem públicas e independentes, comprometidas
com a sustentabilidade socioambiental e a construção do conhecimento, com
envolvimento de toda a comunidade;
- o direito à autodeterminação dos povos, ao resgate dos saberes tradicionais e cultura
popular;
- o direito à democratização da informação comprometida com a preservação da vida;
- a Economia Solidária como instrumento para a viabilização de relações socioambientais
justas, éticas e sustentáveis na afirmação de outra economia possível.
Ao mesmo tempo denunciamos:
- o monopólio dos recursos naturais, da terra, da água e das sementes.
- a privatização do conhecimento, da ciência, da pesquisa e da técnica.
- a destruição cultural e socioambiental causada pela industrialização
dos processos da agricultura e pelos monocultivos;
- a falta de políticas públicas voltadas à integração dos processos
socioambientais.
- a liberação de cultivos transgênicos sem a prévia realização de estudo
de impacto ambiental e a falta de consideração do princípio da precaução;
- a ausência de representatividade política e competência técnica em
biossegurança e o conflito de interesses na CTNBIO (Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança - Brasil).
- o monopólio, o controle e a padronização dos alimentos, gerando a
insegurança alimentar e a concentração de renda.
Propomos:
- que o alimento para a mesa do povo seja da agricultura familiar, de base
ecológica e que sua comercialização seja orientada para o fortalecimento da
economia local, integrando elementos da economia solidária e do comércio justo;
- a organização da população para consumir, através de cooperativas de consumo,
desenvolvendo mecanismos de atuação responsável nessa esfera,
garantindo o acesso a alimentos saudáveis e a preços
justos e possibilitando ainda, o estabelecimento
de parcerias, ações conjuntas e relações mais próximas com os produtores.
- o boicote aos produtos das grandes transnacionais,
bem como de empresas degradantes do meio ambiente e sociedade.
Assim sendo, convocamos a humanidade a se re-integrar à natureza resgatando
valores humanos e se sobrepondo aos interesses do Capital.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Economia Solidária

Economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valorização do ser humano - e não do capital - de base associativista e cooperativista, voltada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução ampliada da vida. Assim, nesta economia, o trabalho se transforma num meio de libertação humana dentro de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do trabalho capitalista.http://fsmecosol.org.br/



Pré-programação do Fórum e Feira de Economia Solidária
22 de janeiro
- 7h – Alvorada Festiva.
- 7h30 – Organização da 1ª Feira Mundial de Economia Solidária (ECOSOL).
- 8h às 21h – Comercialização dos Produtos da Economia Solidária e
Agricultura Familiar.
Local: Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter
- 8h – Caminhada Ecumênica e Mundial pela Paz, Não Violência e pela
Inclusão Social, com saída da Praça Saldanha Marinho, passando pela Rua
do Acampamento, Avenida Medianeira, rua Heitor Campos e chegada no
Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter.
- 9h30 – Ato em favor da Paz Mundial e Justiça Social.
Local: Palco da Feira
- 10h – Mística de Abertura e Linha do Tempo da Economia Solidária.
- 10h30min – Abertura oficial da 1ª Feira Mundial e 1º Fórum Social de
Economia Solidária.
Local: Palco Central da Feira
- 12h – Almoço
Local: Colégio Irmão José Otão
- 14h às 18h – Assembleia Intercontinental, com tema “Economia Solidária
e Fórum Social Mundial: retrospectivas e perspectivas”.
- 18h – Encontro do 1º Fórum Social e da 1ª Feira Mundial de ECOSOL.
- Apresentações Culturais e Artísticas – durante todo o dia.
Local: Palco da Feira
23 de janeiro
- 7h – Alvorada Festiva
- 8h às 21h – Comercialização dos Produtos da Economia Solidária e
Agricultura Familiar.
9h às 18h – Seminários Internacionais
– Seminário: Construindo um Sistema Financeiro Solidário.
– Seminário: Educação, cultura e economia solidária: perspectivas para
um outro modelo de desenvolvimento.
- 11h às 13h – Mesa: Educação, Cultura e Economia Solidária: desafios,
experiências e agendas futuras.
Mutirão 1 – Pesquisa-ação.
Mutirão 2 – Cultura e educação: o desafio na construção de valores para
uma nova economia.
Mutirão 3 – Educação e povos tradicionais.
Mutirão 4 – Sistematização.
Mutirão 5 – Cultura, autogestão e educação: novas linguagens na
construção do conhecimento.
Mutirão 6 – O papel da educação na construção dos movimentos sociais.
- 15h às 17h – A Educação Popular em Construção – Apresentação da
síntese dos mutirões.
- 18h – Diálogo de encerramento – Provocadores e público
– Seminário: Construindo uma Integração Solidária Internacional.
- 11h às 12h – Grupos de trabalho
- 14h às 15h – Apresentação das rodas de comercialização sobre
estratégias de integração comercial.
- 15h às 16h – Apresentação, pela equipe de sistematização das
principais propostas elaboradas pelos grupos de trabalho.
- 16h às 17h45 – Sistematização final (balanço do período, principais
realizações e agendas futuras) e encerramento das Atividades.
– Seminário: Construindo produção, comercialização e consumo
solidários.
- 9h às 11h – A constituição de cadeias produtivas solidárias, numa
perspectiva internacional.
- 11h às 13h – Trabalho em grupo – sistematização dos grupos.
- 14h às 17h – A construção do Sistema Nacional de Comércio Justo e
Solidário e a construção do Selo ECOSOL.
- 18h – Plenário de construção de um documento conjunto sobre Comércio
Justo e Solidário (perspectiva internacional) e Manifesto pela aprovação
do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário (SNCJS).
– Seminário: Construindo uma Soberania Alimentar e Nutricional.
- 9h às 12h – Painel: A Crise Mundial de Alimentos: balanço,
experiências e agendas na perspectiva da construção da soberania
alimentar dos povos e nações.
- 14h – Oficina Internacional de Troca de Saberes e Sementes.
- 17h – Encerramento e leitura da carta final do Seminário.
- 9h às 17h – Seminário Estadual dos 11 Colegiados dos Territórios
Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) do Rio Grande do
Sul.
- 12h – Almoço
- 19h – Show Latino Americano dos Artistas da Caminhada da América.
Local: Palco da Feira
24 de janeiro
- 7h – Alvorada Festiva
- 8h às 21h – Comercialização dos Produtos.
- 9h às 12h – Seminário Internacional Quilombolas.
- 9h às 12h – Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade de 2010.
- 9h às 12h – Seminário Internacional da biodiversidade e sementes
crioulas, patrimônio da humanidade.
- 9h às 12h – Oficinas autogestionárias e Espaços de vivência.
- 14h às 18h – Assembleia intercontinental: As propostas da economia
solidária na nova agenda do FSM.
- Seminário Nacional – Desenvolvimento Economia Solidária: Redes de
Educação e organização do sistema Financeiro Solidário e Sustentável.
- 14h – Assembleia Intercontinental: As propostas da Economia Solidária
na nova agenda do Fórum Social Mundial (FSM).
- 15h – Lançamento de Livros e Cartilhas.
Local: Palco da Feira
- Lançamento da 33ª Romaria Estadual da Terra com o Tema: Quilombos:
Terra, Trabalho e Inclusão.
Local: Palco da Feira
- 18h – Atividades Culturais.
Local: Palco da Feira

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dieta saudável e responsável pode ajudar o meio ambiente



Estudo constata que uma dieta saudável e um regresso à agricultura tradicional podem ajudar a reduzir o consumo de energia e de alimentos nos EUA.


Por Henrique Cortez, do Ecodebate - www.ecodebate.com.br

Estima-se que 19 por cento do total da energia utilizada nos EUA é consumida na produção e distribuição de alimentos. A energia norte-americana é, majoritariamente, de origem fóssil, cada vez mais cara e escassa, além de ser a principal fonte de emissão de carbono nos Estados Unidos.

No estudo “Reducing energy inputs in the US food system“, publicado na revista Human Ecology, David Pimentel e seus colegas da Universidade de Cornell, em Nova York, apresentam uma série de estratégias que poderiam cortar o consumo de energia fóssil utilização na produção e distribuição de alimentos em 50%.

O primeiro argumento é que as pessoas comam menos, especialmente considerando que o americano médio consome um número estimado de 3747 calorias por dia, contra um consumo recomendado de 1200-1500 calorias. A alimentação do americano médio, é, tradicionalmente, baseada em dietas com quantidades elevadas de produtos de origem animal e de alimentos processados, que, pela sua natureza, utilizam mais energia do que a necessária para a produção de alimentos, como a batata, arroz, frutas e legumes.

Só pela redução de consumo de produtos de origem animal já teria um enorme impacto sobre o consumo de combustível, bem resultaria na melhora da sua saúde.

Outras economias são possíveis na produção de alimentos. Os autores sugerem que se produzam no sentido mais tradicional, a agricultura biológica ou agroecológica, métodos mais convencionais, que demandam menos energia. A seleção de culturas mais eficientes também reduziria a utilização de adubos e pesticidas, aumentando da utilização de estrume e observando as rotações de cultura, para a melhoria da eficiência energética.

Por último, as alterações dos métodos de processamento de alimentos, embalagem e distribuição também poderão ajudar a reduzir o consumo de combustível. Um produto processado, do campo ao consumo, percorre uma média de 2400 km antes de ser consumido.

Este estudo defende veementemente que o consumidor está na posição central para uma redução da utilização de energia. Como indivíduos, ao abraçar um estilo de vida “ecológico” , com a tomada de consciência das suas escolhas alimentares, podemos influenciar os recursos energéticos. Para isto basta comprar produtos locais e evitar alimentos processados, embalados e de qualidade nutricional inferior. Isto levaria a um ambiente mais limpo e a uma saúde melhor.

Estas concluões são verdadeiras para os EUA tanto quanto para o Brasil.

1. Pimentel D, Williamson S, Alexander C E, Gonzelez-Pagan O, Kontak C and Mulkey SE (2008). Reducing energy inputs in the US food system. Human Ecology: DOI 10.1007/s10745-008-9184-3.

Como informação complementar, destacamos que estas conclusões reforçam os conceitos mais recentes incorporados pela FAO à definição de segurança alimentar, neste caso entendida como “o estado existente quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico e econômico a uma alimentação que seja suficiente, segura, nutritiva e que atenda a necessidades nutricionais e preferências alimentares, de modo a propiciar vida ativa e saudável”