segunda-feira, 16 de agosto de 2010
O Passo da Helicóide
Iara Borges Aragonez
Coletivo Desenvolvimento Sustentável
SEMAPI/RS
Pensando sobre o necessário ATO DE ENCERRAMENTO desse blog e suas razões, uma imagem recorrente vem povoando a minha mente. A de uma HELICÓIDE*.
Remeto-me então ao período em que participei de uma formação** na qual a figura helicoidal fazia parte de nossas avaliações, representando nossos processo ou projetos. Indicadores como tempo transcorrido, avanços, contextos, velocidade e qualidade eram representados e relatados a partir desta figura. E era muito interessante quando cada um de nós desenhava no quadro a sua helicóide para identificar a situação ou estágio de seu processo ou projeto. O tempo passou e eu deixei para trás essa imagem que hoje insiste em me provocar.
Como sou do tipo que não resiste a uma provocação, em especial quando vem da minha mente inquieta, voltei à figura e busquei utilizá-la para a leitura e avaliação desse momento.
A helicóide que utilizávamos, como é possível observar no desenho acima, recebia em suas laterais duas linhas verticais as quais delimitavam ou delimitam o “espaço projetual” no qual transcorre o processo ou projeto de cada um de nós.
Como vemos, a helicóide faz um movimento ascendente, sendo que cada volta representa uma nova etapa que agrega qualidade. Porém, ela é aberta e sujeita a entradas nem sempre previsíveis, com consequências também imprevisíveis.
Há momentos em que a ascendência é lenta, quase zero. Porém, um processo com baixa entropia, controlado, com pequenas dispersões acompanhadas de permanentes reajustes. Entretanto, quando há um "imput" externo significativo, seja ele positivo ou negativo, o processo e/ou projeto pode entrar em entropia e sair do "espaço projetual". A helicóide “engorda” mais, dispersa mais e ultrapassa as linhas laterais, exigindo re-arranjos, com novas táticas, novas interações, nova energia e novas sinergias. Pode ser uma oportunidade de um novo ciclo. De uma “volta” materializar-se, ou, então, do processo desorganizar-se a ponto de findar-se ou transformar-se em outra coisa. Isto ocorre pela perda do controle. Seja por negligência, por falta de foco, por leitura equivocada de contexto ou por absoluta ingovernabilidade frente a outros fatores externos que entram e alteram as interações.
O que isso tem a ver com o momento atual? e com este blog?
Os três anos em que estive a frente do SEMAPI, integrando a diretoria colegiada, percebo que a minha helicóide não chegou a dar uma volta. O seu movimento, além de lento, quase inerte, foi quase nada ascendente. É importante destacar que quando falo de ascendência refiro- me a avanços significativos e de qualidade, representando mudança de patamar, “realidade mexida” de acordo com os desafios colocados. Destaco também que a helicóide inicia-se não necessariamente no momento avaliado. O presente já é resultado de helicóides anteriores.
O momento atual é de helicóide expandida, “engordada” por “entradas” que estão provocando alta entropia, afetando o movimento e exigindo reposicionamentos acompanhados de criteriosas re-leituras. Como a “volta” nesse período não ocorreu, os desafios continuam. O risco é grande e urge ajustar as velas de acordo com os novos ventos, o que nem sempre é fácil, ou melhor, em geral é muito difícil...
Entretanto, há um alento. Ao analisar a situação atual, constato que a estagnação vivida nesses três anos não foi necessariamente estagnação. Os avanços no diálogo social acerca da sustentabilidade, estabelecido seja com o movimento sindical, ambiental, marcha mundial das mulheres, via campesina, com a categoria e com os (as) trabalhadores (as) do SEMAPI, possibilitou acumular um conjunto de elementos, objetivos e subjetivos, os quais constituíram as bases para criar a possibilidade de iniciar uma “volta” significativa. Ou seja, aquela que não foi dada em três anos, mas que, nesses mesmos três anos, a passos lentos, foi possível semear as sementes.
Re-arrumar para dar a ”volta’ é uma tarefa que vai além de uma pessoa, de um desejo, de um projeto isolado. Depende de um conjunto de forças articuladas. E há circunstâncias em que o conjunto de forças não é favorável. Re-arrumar nessa circunstância que vivencio agora, desafia e assusta. Voltar para um ambiente inóspito com projeto antagônico, fazer movimentos ascendentes, mesmo que lentos é (quase) impossível o que gera um efeito(quase) paralisador.
Mas, como disse, sementes foram semeadas e poderemos ter logo ali na frente o grande “insumo” para iniciar um novo ciclo, ascendente, contínuo e capaz de dar a “volta” de acordo com os desafios que estão a esperar pela ação. Portanto, esperar é preciso, e, já aprendi que em muitos momentos, a “não ação é a melhor ação”.
Então, ESPEREMOS e, de preferência, com serenidade. A resposta chegará junto com a Primavera. Esperaremos as boas notícias as quais serão recebidas com flores!
Queridos (as) companheiros (as), não sei se compliquei, se criei imagens desnecessárias, se optei pela tão criticada “falta de objetividade”, mas essa forma de expressar-me quase se impôs. E meus companheiros (as) de formação e “maestros” que me perdoem se cometi alguma heresia..., mas os elementos da análise helicoidal que vieram a minha mente foram esses...
Bem, o blog Coletivo Desenvolvimento Sustentável, de alguma forma embalou a minha vida nesse período. Muitos retornos que vieram, tenham sido eles pelo próprio blog ou pelo meu email, me realimentaram e me entusiasmaram a continuar.
Fazendo um passeio por ele desde a primeira postagem feita em 31 de outubro de 2007, convenci-me que valeu a pena. Considero-o uma boa “biblioteca”, com muita cor, flor, “aromas”, músicas e boas energias. Capaz de informar e provocar a reflexão acerca do tema da sustentabilidade e sobre o nosso papel nessa complexa teia que é a vida, seja enquanto indivíduos ou seres coletivos e políticos que somos.
Nesse tempo reafirmei minhas convicções, e, sobretudo, constituí em mim com muito mais força a convicção de que a única verdadeira saída é a mudança radical de paradigma. Outra lógica deve orientar a construção do desenvolvimento que queremos. Precisamos colocar em xeque os valores e princípios que organizam o modelo hegemônico e as nossas vidas. Felicidade, bem-viver, realização pessoal e social são conceitos que deverão ser compreendidos a partir de outra perspectiva.
Percebo cada vez mais que nada mudará se a sociedade não “re-fundar” seus valores para, a partir deles, fazer a transformação. Mas, precisa de “insumos”, bons “insumos” para uma sólida e coletiva construção. Lembremos de Paulo Freire: “ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”. Eis um campo fundamental de luta. Em comunhão fazer à “re-fundação dos princípios”, dos valores e da ética. Apenas assim, será possível.
Pois bem, esse blog, que tratou sobre estas e muitas outras questões, foi constituído pelo Coletivo Desenvolvimento Sustentável do SEMAPI, sendo que todos os seus integrantes estão saindo do Sindicato. A atual direção definirá os novos integrantes os quais elegerão as suas formas de comunicação sobre esse tema. Certamente não permanecerá um vácuo por muito tempo.
Para Paulinho, Pacheco e Lauro, companheiros do Coletivo, o meu grande, carinhoso e afetuoso abraço. Embora nem sempre da forma mais coletiva, ideal, o fato é que nos apoiamos aqui e ali, andamos juntos na luta e assim executamos quase que integralmente o nosso planejamento estratégico. O que faltou... bem, aí é outra história...
Abaixo, deixo para todos nós um vídeo que mostra alguns caminhos que trilhamos no período de 2007 – 2010 por entendê-los como estratégicos do ponto de vista de nossos objetivos e desafios políticos, sociais e ambientais. Não foi fácil organizá-lo. Precisei descartar muitas imagens igualmente importantes, pois o tempo exigiu que assim o fizesse.
Mas a vida é assim, feita de escolhas. A grande questão é fazer as escolhas certas e, para que a vida flua e “tenha uma boa finalização” como um bom vinho, arriscar é preciso, ou melhor, fundamental!
Valeu companheiros (as)!
Um grande, forte e SUSTENTÁVEL abraço a todos (as) aqueles (as) que nos acompanharam até aqui.
* Compreendida como modelo isomorfo a “regulación dos sistemas vivientes”. Del Titanic a l Velero. Fundación CEPA.
** Especialización e Maestria en Desarrollo Sustentable – FLACAM. La Plata, Argentina.
domingo, 8 de agosto de 2010
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Charles Chaplin
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Charles Chaplin
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