quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Semapi Sindicato e o Consumo Consciente

Hoje a direção do SEMAPI Sindicato fez uma boa discussão sobre Consumo Consciente, avançando internamente nesse debate, na perspectiva de valorizar práticas de consumo que considerem na hora da escolha de produtos e produtores(as) as diferentes dimensões da sustentabilidade, tais como a ambiental, social, econômica, cultural e política.

Abaixo um texto retirado da página do Instituto Akatu, que se dedica à difusão do consumo consciente e contém muita informação e provocação sobre e para essa prática.Sugiro que a página seja visitada http://www.akatu.org.br/e que, quando tiverem um tempinho, façam o TESTE DO CONSUMIDOR CONSCIENTE desenvolvido pelo Instituto. É uma boa forma de nos avaliarmos e avançarmos na reflexão sobre as nossas práticas cotidianas.

Boa leitura e bom teste.

Iara Borges Aragonez.

Consumo Consciente em foco

Nos últimos anos, a mensagem tornou-se clara: se as pessoas e as empresas não mudarem seu padrão de consumo e produção, o planeta terá um trágico futuro em um par de décadas. No plantel de debates internacionais sobre mudanças climáticas, especialistas explicam que cada um tem sua responsabilidade na construção de uma vida mais sustentável e menos danosa para o resto do mundo.

Daí o conceito de consumidor consciente, como o defendido pelo Instituto Akatu, que desde 2001 estimula o consumidor a perceber o impacto de suas ações e valorizar empresas que minimizem possíveis danos ao meio-ambiente. Pela lógica da ação, pessoas melhor informadas e mais conscientes passariam naturalmente a comprar produtos de empreendimentos sócio e ambientalmente responsáveis. Estes, por sua vez, se destacariam no mercado, forçando outras companhias a assumir a mesma postura.

”O consumo consciente pode ser descrito como um exercício de alteridade e solidariedade, no sentido de que trata de fazer do ato de consumo algo que considere os outros e trabalhe em benefício dos outros”, defende Helio Mattar, idealizador e co-fundador do instituto.

Esse contexto ideal é defendido por expertos como o presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), Marcos Kisil. Segundo ele, não resta dúvida que as práticas sociais e ambientais do setor privado vêm também de fatores coercitivos, ocasionados por uma adequação das empresas às demandas da população.

“O consumidor brasileiro está, a cada dia, não apenas mais consciente de seus direitos, mas também do papel que cidadãos e empresas devem desempenhar na sociedade, como agentes pró-ativos do desenvolvimento”, acredita Kisil.

O otimismo, no entanto, é relativizado quando analisados levantamentos sobre o tema. O Instituto Akatu divulgou, no ano passado, um estudo sobre como e por que os brasileiros praticam o consumo consciente. Os resultados do levantamento mostraram que, além do número de consumidores considerados engajados ter diminuído, ainda existe divergência entre o que se postula como princípio e que realmente se pratica. Isto é, a intenção não se reverte em atitude.

Na época a explicação para o negativo diagnóstico dada por Mattar, era a de que o conceito de consumo consciente ainda está em fase de transição e, assim, tende a suscetibilidade de condutas e opiniões de contexto imediato. “Em 2003, quando divulgamos a primeira pesquisa sobre o tema, havia o risco eminente do apagão, por exemplo, o que determinou, entre outros fatores, novos comportamentos. Isso diminuiu agora”, avaliou.

Realizada entre setembro e outubro de 2006, a sétima pesquisa realizada pelo instituto entrevistou 1.275 adultos de todas as classes sociais residentes nas 11 principais cidades das cinco regiões geográficas do país: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE). As distribuições de idade, sexo e classe social, segundo o instituto, foram ponderadas em relação à distribuição demográfica de cada um.

Por outro lado, o Ibope Inteligência entrevistou 537 executivos de 381 grandes empresas brasileiras para descobrir como eles enxergam o conceito de sustentabilidade e quais as suas implicações no cotidiano dessas organizações. Resultado: o setor privado incorporou valores inerentes aos negócios sustentáveis, mas embora a intenção exista, ela ainda não se converte em comportamento.

Por meio das respostas, foi possível detectar paradoxos entre o que se entende como sustentável e o que realmente se faz para chegar a esse fim, principalmente no que se traduz em questões estratégicas. Entre os exemplos estão os quatro critérios para definir uma empresa como sustentável, apontados na pesquisa. Nessa questão, 92% dos executivos concordaram que preservar o meio ambiente é vital para o processo, seguido de contribuir para o desenvolvimento econômico do Brasil (89%), investir em ações sociais (87%) e ter sucesso em longo prazo (83%).

“O fato de um número tão alto concordar nesses tópicos mostra que eles entendem o conceito de triple bottom line (que designa o equilíbrio entre os três pilares - ambiental, econômico e social), que está na base de todos os novos negócios”, argumentou o CEO do Ibope Inteligência, Nelsom Marangoni.

O responsável pela pesquisa, no entanto, afirma que, na caracterização das empresas, os principais aspectos levantados não estão diretamente relacionados à responsabilidade socioambiental. Os entrevistados constataram como principais preocupações ser ética (que tem mais a ver com práticas de combate ao preconceito e discriminação), em 80%, pagar impostos (78%), respeitar os consumidores (73%) e cumprir as leis trabalhistas (72%).

Para o consultor de terceiro setor e responsabilidade social da Ofício Plus Comunicação e publisher da revista Idéia Socialambiental, Ricardo Voltolini, como se pode ver, são grandes os desafios de mobilizar os brasileiros, “fazendo com que percebam o poder de influência que tem o consumo consciente na mudança dos modelos de produção e estratégias de negócio”, disse em recente artigo, publicado no jornal Gazeta Mercantil.

Esse poder existe, mas simplesmente não há conscientização sobre os danos ambientais, como chegou a dizer a diretora executiva da organização The Trust for Civil Society in Central and Eastern Europe, Rayna Gavrilova, na última edição da revista inglesa Alliance. “Nenhuma família compraria uma lavadora de louças sem avaliar como a sua presença afetaria o uso de espaço e a conta de eletricidade”, ironizou.

Embora a passos curtos, o Brasil avança na questão de um consumo mais responsável e exigente. Não por acaso, o poder do consumidor será objeto de atenção e curiosidade da população, que tende a exercê-lo cada vez mais diretamente. Com certeza, um dos temas-chave de 2008.
(*) Rodrigo Zavala é jornalista e colaborador da Rede Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

“Îvîtu-Yepivu mental”

(Na dificuldade de um título, tomo emprestada essa expressão por achar que traduz um pouco a reflexão/inquietudes abaixo, ou o jeito de manifestá-las. Espero que o autor da mesma – expressão - não se importe...).

Iara Borges Aragonez
pós-férias, o breve parêntese.


De volta!

E a nostalgia do retorno, implacável.
Resta a força das experiências vividas,
embaladas pela magia e grandiosidade das imagens e sensações, cujo poder de imprimir o mesmo tom e cores em todo o resto, forja, no breve tempo, uma “outra” realidade, que, de tão maravilhosa acredita-se eterna e mágica. Sim, eterna e mágica, até o momento em que a “vida como ela é”, com seus reveses, grita mais alto. E eis que me deparo com a fugacidade do belo.

É chegada à hora, após esse breve parêntese, de, novamente misturar-se com aquilo que chamamos, sem vacilar, de REALIDADE, a real realidade. A dureza da vida, esta sim, perene e inexorável.
Resistir, Enfrentar, Lutar, Ceder!!!
Palavras fortes que revelam e traduzem o espírito da dura tarefa de viver nesse mundo que coloca na nossa frente emoção e razão apartadas, atribuindo à capacidade de “endurecer’ a real sabedoria do viver, confundindo assim qual o caminho a seguir, quando às encruzilhadas se apresentam.

Entretanto, descubro o segredo!!!
Manter, manter e manter latente na mente, no coração e na alma, a magia e a grandiosidade do vivido, do maravilhoso, fazendo deste um alimento diário,
tal qual o vento que atea e aviva o fogo, iluminando e nutrindo a nossa existência. Compreender e valorizar no quotidiano o calor das boas emoções, as pequenas e grandes alegrias, as vacilações, os enfrentamentos, a razão e também as transgressões, boas transgressões. Recolhendo deste universo o poder de nos mantermos ternos e flexíveis, porém rígidos e inflexíveis, quando necessário. Mas apenas quando necessário, e somente o necessário.

Recolher o alimento para a Resistência, para o Enfrentamento e para a Luta.
A inspiração para saber a hora de ceder e para fazer com que a aridez da tarefa seja mitigada com toques de ternura, beleza, graça e alegria, pois as sensações farão lembrar que a real REALIDADE também é feita de reais encantamentos. E deixar que também estes definam as escolhas.

Que bom!

Assim, acredito que no quotidiano da vida e da luta nos humanizaremos e nos harmonizaremos mais, pois, o belo, descoberto, redescoberto, vivido e revivido, funcionará como um antídoto para a tristeza, às dores e à dureza da alma. Estas, riscos constantes para aqueles que perseguem a utopia, lutando pela realização dos seus sonhos, individuais e coletivos, e para a superação da fugacidade das coisas que encantam.

Para tanto, precisa-se de muita sabedoria. Que a tenhamos nessa longa trajetória que é a vida!!!

Impossível aqui não lembrar de “El Che”, em particular na atual conjuntura política internacional.

"Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás." (Che Guevara)

E, para homenagear a nostalgia, a força necessária e a vida, selecionei algumas músicas com histórias diferentes, mas todas, na minha opinião, intensas e mobilizadoras. Algumas baladas mais românticas, outras de cunho social e uma em particular totalmente voltada para a emoção de quem busca todas as formas de resistência pessoal. Abaixo um trechinho desta que se chama “Resistiré”. Muy antiga, piegas, pero muy intensa.

“…Me volveré de hierro para endurecer la piel Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte soy como el junco que se dobla, pero siempre sigue en pie...”

Clicando no “menu” do vídeo, você pode acessar às diferentes canções selecionadas.

"A vida como ela é"