quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CARTA EM DEFESA DA AGROBIODIVERSIDADE

Nós, participantes dos movimentos sociais, indígenas, quilombolas, agricultores(as),
empreendimentos solidários, gestores públicos, estudantes, sociedade civil e demais
segmentos, reunidos no 1º Fórum e Feira Mundial de Economia Solidária, em Santa
Maria-RS-Brasil, nos dias 22 a 24 de janeiro de 2010 reafirmamos:
- a luta em defesa da vida e da preservação dos recursos naturais, como patrimônio
coletivo de toda a humanidade;
- o resgate, uso e cultivo das sementes crioulas como única forma de garantir a
autonomia e soberania dos povos.
- o direito à soberania alimentar, energética e ambiental de todos os povos;
- a retomada da agroecologia como paradigma para nossas vidas, alicerçada na ética e
nos resgates culturais;
- a necessidade da pesquisa e ciência serem públicas e independentes, comprometidas
com a sustentabilidade socioambiental e a construção do conhecimento, com
envolvimento de toda a comunidade;
- o direito à autodeterminação dos povos, ao resgate dos saberes tradicionais e cultura
popular;
- o direito à democratização da informação comprometida com a preservação da vida;
- a Economia Solidária como instrumento para a viabilização de relações socioambientais
justas, éticas e sustentáveis na afirmação de outra economia possível.
Ao mesmo tempo denunciamos:
- o monopólio dos recursos naturais, da terra, da água e das sementes.
- a privatização do conhecimento, da ciência, da pesquisa e da técnica.
- a destruição cultural e socioambiental causada pela industrialização
dos processos da agricultura e pelos monocultivos;
- a falta de políticas públicas voltadas à integração dos processos
socioambientais.
- a liberação de cultivos transgênicos sem a prévia realização de estudo
de impacto ambiental e a falta de consideração do princípio da precaução;
- a ausência de representatividade política e competência técnica em
biossegurança e o conflito de interesses na CTNBIO (Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança - Brasil).
- o monopólio, o controle e a padronização dos alimentos, gerando a
insegurança alimentar e a concentração de renda.
Propomos:
- que o alimento para a mesa do povo seja da agricultura familiar, de base
ecológica e que sua comercialização seja orientada para o fortalecimento da
economia local, integrando elementos da economia solidária e do comércio justo;
- a organização da população para consumir, através de cooperativas de consumo,
desenvolvendo mecanismos de atuação responsável nessa esfera,
garantindo o acesso a alimentos saudáveis e a preços
justos e possibilitando ainda, o estabelecimento
de parcerias, ações conjuntas e relações mais próximas com os produtores.
- o boicote aos produtos das grandes transnacionais,
bem como de empresas degradantes do meio ambiente e sociedade.
Assim sendo, convocamos a humanidade a se re-integrar à natureza resgatando
valores humanos e se sobrepondo aos interesses do Capital.

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