domingo, 25 de abril de 2010
Cochabamba: ausência de chefes de Estado não diminuiu importância da Conferência
23/04/2010
Por Celso Dobes Bacarji
Mesmo com a presença de apenas um chefe de Estado estrangeiro – Hugo Chavez – o encontro de Cochabamba foi um marco na mobilização popular e na sistematização de alternativas para a luta climática.
Tiquipya, Bolívia, 23 Abr - A Conferência de Cochabamba terminou nesta quinta-feira (22/04) com a reunião dos chefes e representantes dos governos que atenderam ao convite do presidente boliviano, Evo Morales, no melhor hotel de Cochabamba. Além do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, e do vice-presidente de Cuba, nenhum outro chefe de estado compareceu, embora alguns, como Equador, tenham enviado representantes diplomáticos. À tarde, no estádio municipal Félix Capriles, de Cochabamba, Morales encerrou a Conferência dos Povos comemorando o Dia da Terra, com apresentações culturais e plantio de árvores.(...)
(...)O Acordo entre os Povos
As conclusões dos 17 grupos de trabalho oficiais da Conferência de Cochabamba se basearam no princípio de que o conceito de acordo climático deve ser ampliado para acordo entre os povos. Mais do que uma diferença semântica, o acordo entre os povos coloca em xeque o modelo capitalista e as suas formas de exploração dos recursos naturais e do trabalho humano e propõe um modelo de convivência harmônica entre a humanidade e o Planeta.
O documento final elaborado pela Conferência, diz que o acordo entre os povos deve rejeitar a “lógica do capitalismo de competência, progresso e crescimento ilimitado”. Para isso, “pleiteia aos povos do mundo a recuperação, revalorização e fortalecimento dos conhecimentos, saberes e práticas ancestrais dos povos indígenas, firmados na vivência e proposta do bem viver, reconhecendo a Mãe Terra como um ser vivo, com o qual temos uma relação indivisível, interdependente, complementar e espiritual.
Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra, cujo projeto foi elaborado por um dos grupos de trabalho, é peça fundamental. A começar pelo conceito de Mãe Terra, que foi brilhantemente abordado pelo teólogo e filósofo brasileiro Leonardo Boff, que participou do painel principal de discussão do tema. Para ele, o conceito de Mãe Terra, tem raízes ancestrais, encontradas inclusive na cultura da Grécia antiga, onde a deusa Gaia representava o caráter vivente do planeta.
Para Boff, depois de perder esse conceito a partir do racionalismo iluminista, a humanidade volta a reencontrá-lo, não apenas nas culturas indígenas, que nunca o abandonaram, mas também a partir das descobertas da ciência cosmológica e da física da energia. A partir dessas descobertas chegou-se à conclusão de que “tudo tem a ver com tudo em todos os instantes”, diz ele.
O teólogo brasileiro acredita que chegou o tempo da bio-civilização. Ele explicou que a ciência tem descoberto que a matéria é mais do que energia. Ela tem informações que podem ser acumuladas e que em última análise as diferenças entre os seres são apenas de grau de complexidade. “A Terra possui dignidade e cabe a nós deveres e cuidados para amá-la. Se o século 20 foi o tempo dos direitos humanos, o 21 será o século dos direitos da terra”, complementou Boff.
Em linhas gerais, o projeto de Declaração dos Direitos da Mãe Terra elaborado na Conferência dos Povos prevê:
• Direito à vida e à existência;
• Direito de ser respeitada;
• Direito à continuação de seus ciclos e processos vitais, livre de alterações humanas;
• Direito a manter sua identidade e integridade como seres diferenciados, auto-regulados e interrelacionados;
• Direito à água como fonte de vida;
• Direito ao ar limpo;
• Direito à saúde integral;
• Direito a estar livre da contaminação e poluição, de dejetos tóxicos e radioativos;
• Direito a não ser alterada geneticamente e modificada em sua estrutura ameaçando sua integridade ou funcionamento vital e saudável;
• Direito a uma restauração plena e pronta pelas violações aos direitos reconhecidos nesta declaração causados pelas atividades humanas.
(...)
A íntegra dessa matéria você pode ler no site
http://www.envolverde.com.br/index.php?
Por Celso Dobes Bacarji
Mesmo com a presença de apenas um chefe de Estado estrangeiro – Hugo Chavez – o encontro de Cochabamba foi um marco na mobilização popular e na sistematização de alternativas para a luta climática.
Tiquipya, Bolívia, 23 Abr - A Conferência de Cochabamba terminou nesta quinta-feira (22/04) com a reunião dos chefes e representantes dos governos que atenderam ao convite do presidente boliviano, Evo Morales, no melhor hotel de Cochabamba. Além do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, e do vice-presidente de Cuba, nenhum outro chefe de estado compareceu, embora alguns, como Equador, tenham enviado representantes diplomáticos. À tarde, no estádio municipal Félix Capriles, de Cochabamba, Morales encerrou a Conferência dos Povos comemorando o Dia da Terra, com apresentações culturais e plantio de árvores.(...)
(...)O Acordo entre os Povos
As conclusões dos 17 grupos de trabalho oficiais da Conferência de Cochabamba se basearam no princípio de que o conceito de acordo climático deve ser ampliado para acordo entre os povos. Mais do que uma diferença semântica, o acordo entre os povos coloca em xeque o modelo capitalista e as suas formas de exploração dos recursos naturais e do trabalho humano e propõe um modelo de convivência harmônica entre a humanidade e o Planeta.
O documento final elaborado pela Conferência, diz que o acordo entre os povos deve rejeitar a “lógica do capitalismo de competência, progresso e crescimento ilimitado”. Para isso, “pleiteia aos povos do mundo a recuperação, revalorização e fortalecimento dos conhecimentos, saberes e práticas ancestrais dos povos indígenas, firmados na vivência e proposta do bem viver, reconhecendo a Mãe Terra como um ser vivo, com o qual temos uma relação indivisível, interdependente, complementar e espiritual.
Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra, cujo projeto foi elaborado por um dos grupos de trabalho, é peça fundamental. A começar pelo conceito de Mãe Terra, que foi brilhantemente abordado pelo teólogo e filósofo brasileiro Leonardo Boff, que participou do painel principal de discussão do tema. Para ele, o conceito de Mãe Terra, tem raízes ancestrais, encontradas inclusive na cultura da Grécia antiga, onde a deusa Gaia representava o caráter vivente do planeta.
Para Boff, depois de perder esse conceito a partir do racionalismo iluminista, a humanidade volta a reencontrá-lo, não apenas nas culturas indígenas, que nunca o abandonaram, mas também a partir das descobertas da ciência cosmológica e da física da energia. A partir dessas descobertas chegou-se à conclusão de que “tudo tem a ver com tudo em todos os instantes”, diz ele.
O teólogo brasileiro acredita que chegou o tempo da bio-civilização. Ele explicou que a ciência tem descoberto que a matéria é mais do que energia. Ela tem informações que podem ser acumuladas e que em última análise as diferenças entre os seres são apenas de grau de complexidade. “A Terra possui dignidade e cabe a nós deveres e cuidados para amá-la. Se o século 20 foi o tempo dos direitos humanos, o 21 será o século dos direitos da terra”, complementou Boff.
Em linhas gerais, o projeto de Declaração dos Direitos da Mãe Terra elaborado na Conferência dos Povos prevê:
• Direito à vida e à existência;
• Direito de ser respeitada;
• Direito à continuação de seus ciclos e processos vitais, livre de alterações humanas;
• Direito a manter sua identidade e integridade como seres diferenciados, auto-regulados e interrelacionados;
• Direito à água como fonte de vida;
• Direito ao ar limpo;
• Direito à saúde integral;
• Direito a estar livre da contaminação e poluição, de dejetos tóxicos e radioativos;
• Direito a não ser alterada geneticamente e modificada em sua estrutura ameaçando sua integridade ou funcionamento vital e saudável;
• Direito a uma restauração plena e pronta pelas violações aos direitos reconhecidos nesta declaração causados pelas atividades humanas.
(...)
A íntegra dessa matéria você pode ler no site
http://www.envolverde.com.br/index.php?
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