quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

MOGDEMA - A NATUREZA TE ESPERA!


Foi muito emocionante assistir a rebeldia dos velhos e bons guardiões do movimento ambientalista gaúcho!

A Luta continua!


MOGDEMA nasce forte!


Com uma homenagem aos pioneiros da ecologia no Rio Grande do Sul, foi lançado nesta segunda-feira (15/12), oficialmente, o Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (Mogdema), com a filiação inicial de 37 signatários, entre ONGs, conselhos, instituições, associações e entidades religiosas, sociais, sindicais, estudantis e comunitárias. O propósito declarado do movimento é popularizar a luta ambiental, para além das ONGs, levando-a aos movimentos sociais e à população em geral.

O Mogdema "visa ações conjuntas que fortaleçam as políticas públicas em defesa da Natureza, promovendo o debate e a luta socioambiental, propondo a reflexão crítica ao modelo de desenvolvimento predatório hegemônico, e construindo as bases sociais para um novo modelo com sustentabilidade ambiental", diz a Carta de Princípios do Movimento, lida na solenidade.

“Há uma necessidade da ecologização dos movimentos sociais, sozinhos, como a história está mostrando, não somos capazes de dar conta do recado”, discursou Celso Marques, representando a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). “Estamos num momento crítico em que isto é indispensável”, insistiu, traduzindo um pensamento que é comum entre os criadores do Mogdema.

O surgimento do Mogdema vem de um período extremamente conturbado na política ambiental do Estado, como há muito não se via. O fator deflagrador foram os megaprojetos das papeleiras, que tiveram seus licenciamentos ambientais acelerados pelo governo. Criou-se uma situação de conflito aberto que, por outro lado, mobilizou e unificou os ambientalistas com outras entidades e organizações da sociedade civil.

Bebendo na fonte

Para se inspirar, os fundadores do Mogdema decidiram beber na fonte e reuniram numa mesma mesa, na cerimônia de hoje, alguns dos principais fundadores do ambientalismo no Rio Grande do Sul: Flávio Lewgoy, Augusto Carneiro, Hilda Zimmermann, Caio Lustosa e o Irmão (marista) Antônio Cechin. “O movimento ambientalista vive, está mais vivo do que nunca, e isto é uma satisfação indizível, porque cada um que está aqui representa outros milhares” disse Flávio Lewgoy, professor aposentado da Ufrgs e um dos fundadores da Agapan, ao auditório lotado de pessoas de todas as idades.

O hoje livreiro Augusto Carneiro fez uma defesa apaixonada dos parques, “porque são sinônino de futuro, quando não tiver mais nada (dos recursos naturais e biodiversidade) é deles que vai sair a semente da vida”, disse. “Aqui, os parques são invadidos permanentemente e o povo brasileiro adora queimar os parques, infelizmente”, completou.

Hilda Zimmerman observou que se os ambientalistas não conseguem mobilizar o povo por amor ao meio ambiente, esta mobilização vai acontecer por necessidade. Já o Irmão Cechin anunciou que a Pastoral da Ecologia passará a participar do Mogdema e citou Santo Agostinho, que disse: “Deus perdoa sempre, os homens perdoam às vezes, mas a natureza não perdoa nunca”. Por isso, segundo ele, as pessoas deveriam aprender as leis da natureza e respeitá-las.

Comissão de Meio Ambiente

Um dos coordenadores do Movimento, Felipe Amaral, do Instituto Biofilia, avaliou como excelente, acima das expectativas o lançamento do Mogdema, pelo público e representantividade das entidades que se filiaram até agora. Apontou como objetivos imediatos a aproximação com o Poder Legislativo, visando a criação de uma comissão específica de meio ambiente na casa. Também a busca da paridade de representação no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), onde hoje os ambientalistas são minoria, e, principalmente, inciativas para propor um novo modelo de desenvolvimento do Estado, além da crítica, simplesmente.

Entre os compromissos da Carta de Princípios do Movimento estão: defender a biodiversidade, a agricultura familiar de base ecológica, a soberania alimentar e territorial, o abastecimento interno, o emprego urbano e rural e as culturas tradicionais; defender os Biomas Pampa e Mata Atlântica, aí incluídos os Campos de Cima da Serra, promovendo a proteção da biodiversidade; defender os recursos hídricos superficiais e subterrâneos, em especial o Aquífero Guarani; lutar pela abolição do modelo de produção das monoculturas, das lavouras energéticas do agrocombustível e de matéria prima industrial e da lavoura geneticamente modificada;

“Vida longa ao Movimento, porque é em defesa da vida que ele nasce, hoje todos os interesses só se movem pelo capital, precisamos dar um basta nisso, não podemos deixar para amanhã para assumir um compromisso com a vida e com o futuro do nosso planeta”, conclamou o diretor do Semapi (sindicato que reúne servidores de fundações) e presidente da Associação dos Servidores da Fundação Estadual de Proteção Ambietal (Fepam), Antenor Pacheco. A programação foi concluída com um painel que teve a participação do jornalista uruguaio Victor Bacchetta, que discorreu sobre sue livro A Fraude da Celulose*, e do professor Antônio Libório Philomena, que abordou "O contexto ambiental no limite, o futuro da humanidade".

Fonte: Ulisses A. Nenê/Ecoagência

Matéria também reproduzida no site do SEMAPI.

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