terça-feira, 2 de dezembro de 2008

SOLOS UMA RELAÇÃO DE AMIZADE


O texto do grande companheiro LAURO! 
Boa leitura, este é para matar a saudade do bom debate!

Ps. a foto é do litoral de São Paulo o que resta da Mata Atlântica! 

 

O problema: Produtividade alcançada  incompatível com a tecnologia utilizada
Conseqüências: Baixo retorno, desestímulo, endividamento.
Causas: Sistema de cultivo/ erosão, acidez, compactação do solo, baixa infiltração de água.
Solução: Planejamento conservacionista da propriedade.
 

Lições da estiagem
Porque áreas lindeiras apresentam tanta diferença produtiva?

Com três anos de ocorrências irregulares de chuvas no verão, constatam-se fatos que valem a pena refletir, pois a história nos mostra que é na dificuldade que se aprende. Lavouras pareadas, separadas apenas pela divisa visual, plantadas na mesma época com tecnologia similar tem apresentado produtividades muito diferentes. Onde se esperava colher 120 sacos por hectare, esta se colhendo pelo efeito da estiagem 80 sacos apenas. Ao lado a produtividade  muitas vezes   chega a 50% desta expectativa, não passando de     40 sacos por hectare. A chuva foi à mesma. O que então pode explicar este diferencial?  A resposta esta na qualidade dos solos de uma e de outra lavoura. A análise do solo  enquanto ferramenta clássica mais técnica para avaliar o potencial produtivo de uma determinada área, nos fornece uma indicação quantitativa da disponibilidade de nutrientes para os cultivos. Isoladamente, tal ferramenta é deficitária, pois não se pode esquecer que 90% da matéria seca produzida por qualquer cultivo é oxigênio, carbono e hidrogênio, que vem da água e do ar.  Ao caminharmos num universo maior de propriedades (e as perícias do proagro nos permitiram recentemente esta rica oportunidade - fiz perícias em 400 unidades em dois anos), observando características físicas e biológicas destas áreas, vamos estabelecendo elementos comparativos para “palpitar” sobre a qualidade destes solos. Qualidade do solo? Pois é, com a adoção do dito “plantio direto” na maioria das propriedades da região - notem bem, que plantar com mínima mobilização de solo é diferente de um  sistema planejado de cultivo na palha -, parece que  desaprendemos muitas questões elementares já superadas. O impacto inicial da tecnologia sobre a avassaladora erosão que campeava no sistema convencional, deixou muitos produtores inebriados. Na seqüência para facilitar, eliminaram-se terraços, faixas vegetais, reinstituindo-se, por incrível que pareça, o cultivo morro abaixo para “facilitar o plantio e colheita mecanizados na pequena propriedade”. Com uma merreca de cobertura qualquer dessecada em vez de rolada, é fato comum novamente, vermos após precipitações de moderada intensidade, escorrer o sangue destas lavouras. Descuidados com a rotação, com o necessário acúmulo de no mínimo 7,0 toneladas de matéria seca / há / ano para alimentar a microvida do solo, perdendo assim importantes  aliados que trabalham estruturando o solo a favor da produtividade que se sustenta no tempo, que portanto diz-se  sustentável. Sem este combustível que sustenta a evolução das partículas em termos de agregação, vamos adensando nossos solos, diminuindo sua macroporosidade responsável pela drenagem e aeração e formando lajes impeditivas ao desenvolvimento radicular. Nesta dimensão, a raiz não consegue aprofundar-se na sua missão e,  com reduzida capacidade de infiltração, a tão necessária água não consegue ser absorvida e muito menos estocado adequadamente. O que fazer? Esta evidente. É só olhar para o lado, aonde o vizinho vem cultivando o solo como se cultiva uma amizade, fazendo de tudo para que esta se mantenha  ou melhore. Essa é a lição que teremos que em alguns casos, reaprender. Tendo como instrumento o quadro abaixo, proposto por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, arrisque-se a avaliar a qualidade de sua lavoura. Em caso de dúvidas, procure um profissional da extensão rural para conjuntamente redesenhar uma estratégia conservacionista.

Engº. Agrônomo Lauro Bernardi.
Emater-RS / Ascar

Indicadores físicos e biológicos relacionados às plantas usados para avaliar a qualidade dos solos (extraído de Reichert et al.)

2 comentários:

Anônimo disse...

Cadê os indicadores?

Anônimo disse...

Companheiro,
Os Indicadores físicos e biológicos relacionados às plantas usados para avaliar a qualidade dos solos foram extraido da Revista do CCR / UFSM - do texto de Reichert et al e, são um achado para diagnosticar participativamente à campo com agricultores a qualidade do solo. Aqui não dá para anexar oi quadro, mas eles classificam em pobre, média ou boa INDICADORES FÍSICOS de

1.Compactação subsuperficial

2.Estrutura do solo

3.Aeração bioporos comuns

4. Profundidade efetiva

5.Infiltração Após chuva

6.Drenagem Após chuva

7. Retenção de água
8. Cobertura superficial

INDICADORES BIOLÓGICOS

1. Bioporos / minhocas

2.Raízes

3. Resist~encia à seca Seca

4. Aparência da cultura

5. Produção

Vale a pena acessar o material. Um abraço,